segunda-feira, 28 de março de 2016

Amor em tempos de caos



Inflação, juros, impostos...

Parece que estamos presos a tantos problemas globais, alguns deles com nomes e significados tão intrincados como impeachment, foro privilegiado... Contas, aqui e fora, recheadas de zeros e zeros... As conversas estão permeadas de “fica”, “fora”, petróleo, corrupção... Não há como fugir de tudo isso, até o calor está perdendo o seu lugar como mote de conversa paliativa na fila da lotérica, no elevador ou na mercearia. Muita conversa, pouca solução e nenhum amor.

 Tornamo-nos pessoas práticas. Conversamos sobre o que é rentável, o que pode gerar lucro, o que deveria ser feito, quem seria a pessoa mais apropriada para representar uma nação. Reclamamos do preço do arroz, do feijão, do aumento do gás, da passagem de ônibus... Ser romântico em tempos de caos é o mesmo que plantar uma pedra e esperar nascer uma flor.

Mas o que não entendemos é que o que realmente está faltando, de verdade, é amor. Se os grandes políticos tivessem amor pelo povo que dizem representar, pela nação que dizem defender, não tirariam dos cofres públicos tanto dinheiro para investir no próprio ego.

O que esperar daqui pra frente? Mais guerras? Mais problemas políticos insolúveis? Parem o mundo, pois quero descer! Desculpem-me, mas não quero viver em um mundo tão mecanizado, consumista e tão cheio de desamor. Recuso-me a aceitar que considerem ultrapassado escrever uma carta de amor, sair para ver o por-do-sol, banhar na chuva ou correr em direção ao vento. Não seria tão utópico desejar que, em meio ao caos, em meio à tanta desordem e tanta injustiça, expressemos amor. Um sorriso a quem passa na rua, desejar um bom-dia ao motorista do ônibus, ao segurança da escola, aos faxineiros do trabalho, aos vizinhos; uma ligação no meio do dia a alguém especial, dividir o lanche, carregar as sacolas de alguém; ouvir histórias de pessoas mais velhas... Gentileza gera amor, carinho gera amor, solidariedade gera amor, respeito gera amor, amor gera amor!

Quando todos perceberem que o amor é a única arma contra a injustiça, contra a violência e contra a desordem, irão vencer a guerra! 


quarta-feira, 2 de março de 2016

Um encontro entre o amor e a ternura



“Nas histórias de amor há mais que amor. Às vezes não há nenhum ‘eu te amo’, mas se amam.”.



Sabe aquele momento em que você assiste a um filme e ele te prende de tal forma que você se sente parte dele? Quando você toma para si as dores e as emoções das personagens e sente que depois daquele momento você não será mais a mesma pessoa? Foi assim que me senti após assistir Minhas tardes com Margueritte.
Esse filme conta a história do encontro diário entre Germain - um homem que não teve tantas oportunidades na vida e por esta razão cresceu sem saber ler direito, não tem boas relações com a mãe e trabalha por conta própria para poder se sustentar e que passa as tardes contando os pombos de um parque – com Margueritte, uma senhora de 95 anos que mantém o hábito de ler todas as tardes num banco de um parque.

À medida que o tempo passa, Germain sente a necessidade de ouvir mais, de conversar mais, de aprender a ler. Algo o incomoda a mudar e ele vai mudando gradativamente, até que decide quebrar as barreiras que o prendia à sua ignorância e estado de imobilidade. Germain, um homem grande e pesado, demonstra ter a alma tão leve e na simplicidade de suas ações, na tentativa de ajudar quem estava triste, mesmo sem saber ao certo o que dizer, nos leva a perceber que às vezes ignoramos a dor dos outros por estarmos tão preocupados com nossos próprios problemas. 
Margueritte, uma mulher com nome de flor, é uma cientista aposentada e que mora em um abrigo para idosos. Mesmo com o cansaço da idade e com as debilidades que adquiriu com o tempo, ela ainda assim se permite transmitir algo bom para alguém. Ela passava horas lendo trechos de livros para Germain, oferecendo-lhe um pouco de vida, dando-lhe um pouco de amor, sem para isso precisar dizer “eu te amo.”.
 Nós também podemos transmitir vida. Em meio ao caos econômico, político e social que estamos vivendo, oferecer um sorriso, um gesto de carinho e atenção pode transformar vidas. Há tantas pessoas que estão precisando de um pouquinho de amor para continuar vivendo...

Ternura, essa é a palavra chave. Palavra pouco usada em nosso dia a dia e que seu significado pode até ser estranho para algumas pessoas. Devemos plantar mais ternura em nossas relações e que elas possam ser vividas e vívidas. Que sintamos a necessidade de provocar nas pessoas o desejo de mudar, de ser feliz e assim, darmos significado à vida em um cenário de guerra.