terça-feira, 5 de julho de 2016

Da reciprocidade


Poucos momentos são tão agradáveis e tão primorosos como estar ao lado de alguém que nos corresponda com reciprocidade: que perceba a roupa que estamos usando e nos elogie pela escolha da cor do vestido; que nos encare tentando decifrar o que se passa em nossa cabeça como se os pensamentos fossem uma chave que abrisse a porta do nosso coração.
 Ah! A reciprocidade. Aquilo de olhar juntos na mesma direção nem que por poucas horas e, na mesma intensidade, deixar olhos, lábios e mãos se encontrarem e como que embalados pela mesma canção os corações dançam dentro do peito.
Não podemos planejar quando vamos encontrar alguém que nos acompanhe em uma tarde ensolarada e nos convide para tomar um cappuccino e dedique tempo para admirar nosso cabelo, sorrisos e trejeitos. Que queira simplesmente estar ali e que diga que aquele momento está sendo maravilhoso simplesmente por você fazer parte dele. Reciprocidade é isso: o retorno à atenção ofertada, ao carinho dedicado. É a prova de que o amor, em sua multiplicidade, existe e ainda habita os corações humanos, transformando-os e transbordando-os, pois já se encontravam completos.
Como uma poesia bem rimada, bem cadenciada, a reciprocidade preenche o coração trazendo a sensação de paz. Como encontrar uma fonte de água em meio ao deserto que é o coração da maioria das pessoas que nos rodeiam. Já dizia o poeta “é impossível ser feliz sozinho” e mergulhando na onda de Jobim, podemos entender que é impossível fazer do amor um sentimento ímpar. Não se pode amar sozinho. O amor é o encontro de duas almas que anseiam pela plenitude de se completar até transbordar e encontrar no outro aquilo que lhe é comum e procurar aventurar-se por caminhos ainda incógnitos.

Como a semente precisa de uma terra fértil e preparada para recebê-la e permitir o crescimento de uma linda planta, o amor também precisa de um coração disposto a agir com reciprocidade para fazê-lo acontecer.  


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